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É tempo de agir!

05/04/2018
O ano de 2017 foi repleto de boas notícias para o cooperativismo brasileiro

O ano de 2017 foi repleto de boas notícias para o cooperativismo brasileiro. Em diversos ramos, as conquistas obtidas junto aos Três Poderes vão ficar na história. Houve a aprovação do PLP 100/2011, a regulamentação do Programa de Aquisição de Alimentos com elevação do orçamento, eventos de desenvolvimento profissional e muito mais.

 

Quem fala sobre o que representou o ano passado para as cooperativas é o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, que acaba de realizar a assembleia geral ordinária da entidade. Para ele, 2018 é um ano muito importante para o país, saiba o porquê! 

O senhor sempre diz que as cooperativas crescem em tempos de crise e em 2017 o brasileiro sentiu fortemente, ainda, seus impactos negativos. Poderia explicar como foi o ano 2017 para o cooperativismo?

 

Gosto muito de uma fase dita por Mahatma Gandhi que resume muito bem o atual momento do cooperativismo brasileiro: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Por isso, precisamos continuar trabalhando, independentemente do que vemos ou lemos nos jornais. Afinal de contas, as pessoas precisam produzir, as contas não param de chegar e o Brasil precisa crescer. E, para que o Brasil cresça, só há um jeito: todos devem se unir e trabalhar, trabalhar muito.

 

Essa postura empreendedora e destemida, que já faz parte da rotina daqueles que fazem da cooperação uma prática diária, trará resultados concretos para nossa sociedade e economia do país. Foi o que constatamos em 2017: apesar de toda a crise econômica, o número de cooperados vem crescendo a cada ano no Brasil. Já estamos próximos dos 14 milhões. Esse é o sinal de que a sociedade brasileira acredita no nosso modelo econômico.

 

Aliás, todos os dias as cooperativas mostram o tanto que estão engajadas em tornar o Brasil um país melhor. O Dia de Cooperar, um movimento nacional de iniciativas transformadoras realizadas por elas, com o apoio de todo o Sistema OCB, é uma das provas disso. O sucesso dele é tão grande que em 2017, fomos convidados a falar na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a importância do nosso movimento para a sustentabilidade do planeta, junto com Índia, Japão e Noruega. Foi um momento único para o cooperativismo do Brasil. E o que apresentamos? O Dia C!

 

Na ocasião, fiz questão de destacar: quem estava ali não era a OCB ou Márcio Lopes de Freitas. Quem estava falando para lideranças mundiais eram as 6,6 mil cooperativas brasileiras, que plantam diariamente, nos quatro cantos do Brasil, as sementes da mudança. E cada ação realizada por uma cooperativa — seja ela grande ou pequena — contribui para deixar a sociedade brasileira mais justa, mais ética e mais sustentável. 

 

Por falar em sociedade, o senhor acredita que os brasileiros já conhecem bem o cooperativismo?

 

Olha, se analisarmos os números, por exemplo, segundo os nossos cálculos, cerca de 30% dos brasileiros estão vinculados ao cooperativismo de alguma forma, percebemos que ainda há muito espaço para crescer, ou seja, ainda há brasileiros que não conhecem o nosso modelo econômico, caracterizado pelo jeito humanizado de gerar negócios, trabalho e renda. Por isso, em 2017, após vários estudos e pesquisas, decidimos lançar no final do ano o movimento SomosCoop, criado com dois objetivos estratégicos.

 

O primeiro responde bem a sua pergunta, já que objetiva conscientizar as pessoas sobre a importância do cooperativismo para o desenvolvimento do Brasil. Já o segundo é aumentar, ainda mais, o orgulho e a sensação de pertencimento de quem já abraçou essa nova maneira de produzir riquezas no Brasil. Desafios que fazem parte da nossa missão e que serão prioridade em 2018. 

Por falar nisso, qual deve ser o tom dos trabalhos da OCB em 2018?

 

Temos diversas prioridades, mas como 2018 é um ano bastante importante para o país, considerando as eleições presidenciais, teremos um trabalho intenso a ser feito. Enquanto representantes do cooperativismo, temos o compromisso de apresentar aos presidenciáveis as necessidades das cooperativas brasileiras e de conscientizar os cooperados sobre a importância do voto.

 

Além disso, para a equipe da OCB, é tempo de preparar o XIV Congresso Brasileiro de Cooperativismo, previsto para ocorrer em 2019. Aliás, esse é um evento emblemático, pois nele serão discutidos os caminhos que iremos percorrer, juntos, para fazer com que o cooperativismo seja reconhecido pela sociedade por sua competitividade, integridade e capacidade de gerar felicidade para as pessoas.

(Leia mais sobre isso: clique aqui)

Voltando a 2017, poderia destacar os fatos mais marcantes para as cooperativas do país?

 

O ano de 2017 foi muito importante para o cooperativismo brasileiro, de diversas formas. Por exemplo, depois de seis anos de trabalho intenso e ininterrupto, conseguimos aprovar nas duas casas do Congresso, o PLP 100/11 que possibilita aos municípios que tenham disponibilidade de caixa depositarem seus recursos nas cooperativas de crédito. Foi um grande passo rumo à consolidação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo.

 

Aliás, vale destacar que as cooperativas de crédito estão distribuídas por todo país e são reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil, e que seus números são muito expressivos. Elas reúnem mais de 9 milhões de cooperados e seus ativos, em 2017, somaram R$ 220 bilhões, enquanto os depósitos captados foram R$ 103 bilhões e os empréstimos concedidos de R$ 81 bilhões.

 

O mesmo projeto de lei, agora convertido na Lei Complementar nº 161/2018, pois foi sancionado no início deste ano, também possibilitaram que as cooperativas de crédito realizem a gestão dos recursos do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

 

Também foram lançadas as Diretrizes Estratégicas do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). Para a consecução desse trabalho foram realizadas, na primeira etapa, entrevistas com lideranças do cooperativismo de crédito e importantes agentes públicos que têm influência direta no segmento. Ao final do processo, foram identificados seis grandes desafios e 11 diretrizes estratégicas traçadas para superá-los.

E no Ramo Agropecuário, quais foram os destaques?

 

No Agro, tivemos a regulamentação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Depois de muitas idas e vindas, reuniões e debates técnicos promovidos pela OCB, o Governo Federal editou o Decreto nº 9.214/2017, que reforçou a possibilidade de agricultores familiares, suas cooperativas e associações contratarem prestação de serviços ou aquisição de insumos de terceiros para beneficiar, processar e industrializar sua produção quando da participação no PAA.

 

O Decreto também ampliou o rol de beneficiários do programa, possibilitando que os produtos da agricultura familiar sejam destinados à rede pública de saúde, aos estabelecimentos prisionais e às unidades de internação do sistema socioeducativo, além dos beneficiários tradicionais.

 

Com a aprovação, o orçamento do programa saiu dos R$ 4 milhões, inicialmente propostos pelo Poder Executivo, para quase R$ 380 milhões, reforçando a importância do programa para a agricultura familiar e suas organizações (cooperativas e associações), fortalecendo a geração de renda no campo e combatendo a insegurança alimentar.

 

Tivemos ainda a revisão do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018, que ao ser lançado, prejudicou bastante as cooperativas. Contudo, depois de muita conversa com o governo federal conseguimos reverter o quadro e garantir mais uma safra. Foram realizadas reuniões de sensibilização e diversos debates técnicos entre representantes do cooperativismo, do governo e do Congresso Nacional. Promovemos até uma audiência pública, com o apoio da nossa Frencoop.

 

Com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e dos integrantes das frentes parlamentares da Agropecuária (FPA) e do Cooperativismo (Frencoop), as ações resultaram na publicação de uma nova resolução publicada pelo Conselho Monetário Nacional.

 

Tivemos também, o lançamento dos resultados do Censo das Cooperativas de Leite. O trabalho foi realizado em parceria com a Embrapa Gado de Leite. As informações foram consolidadas a partir dos dados repassados por mais de 160 cooperativas de todas as regiões do Brasil, e analisados pelos pesquisadores e técnicos da OCB. 

Poderia citar outros destaques referentes aos demais ramos?

 

Sim! Logo em janeiro de 2017, o Sistema OCB oficiou a ANEEL sobre a necessidade de construção da metodologia de subvenção das cooperativas, para garantir o seu equilíbrio econômico financeiro. A OCB, em parceria com a Confederação das Cooperativas e Infraestrutura (Infracoop), conseguiu que grande parte das contribuições fossem acatadas pela Agência, resultando em um importante incremento (25%) no valor a ser recebido pelas cooperativas a título de subvenção, com um valor estimado em R$ 350 milhões por ano para as 38 cooperativas permissionárias existentes. Essa foi uma das maiores conquistas das cooperativas do ramo Infra.

 

Por falar nisso, em 2017, consolidou-se a parceria entre o Sistema OCB e a DGRV para o fomento da geração de energia nas cooperativas. Entre os produtos desta atuação, destaque para a cartilha intitulada “Coopere e gere sua própria energia”. O objetivo foi trazer informações sobre a possibilidade de organização de consumidores de energia em cooperativas de geração por fontes renováveis. No ano passado, a parceria ganhou um reforço no trabalho de fomento, a participação da Cooperação Técnica Alemã (GIZ). A GIZ é referência mundial em arranjos tecnológicos para geração de energias renováveis e eficiência energética.

 

Os ramos Trabalho e Transporte foram os focos de seminários realizados por todo o país. Foi uma oportunidade para conhecer um pouco da realidade local desses dois ramos e promover a discussão de temas de interesse das próprias cooperativas. 

No ramo Saúde, tivemos a satisfação de iniciar o projeto Conhecer para Cooperar com foco no Ramo Saúde. Foi realizado o módulo teórico do projeto, que conta com a participação de representantes do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

 

Vale lembrar que o projeto foi idealizado para ampliar o conhecimento de grupos estratégicos da sociedade sobre o modelo cooperativista e suas especificidades e que o projeto conta com o apoio da Faculdade Unimed.

 

Fizemos também um intercâmbio entre as cooperativas do Ramo Educacional, com o objetivo de conhecer práticas de gestão reconhecidamente exitosas, formas de fortalecer a identidade cooperativista e o trabalho com as cooperativas escolares. Os representantes do Conselho Consultivo do Ramo Educacional foram convidados a participar de visitas e reuniões técnicas.

 

E para coroar tudo isso, tivemos a chance de premiar as cooperativas com as melhores práticas em gestão e governança, quando realizamos o Prêmio Sescoop Excelência de Gestão. No ano passado, o prêmio chegou à sua 3ª edição com um marco: dois novos níveis foram disponibilizados às cooperativas - Compromisso com a Excelência e Rumo à Excelência.

 

Assim, 41 cooperativas reconhecidas. Entre as premiadas, estavam 10 estados brasileiros. Outra novidade foi a decisão da banca julgadora de identificar uma cooperativa em cada nível de maturidade para receber o Destaque Melhoria Contínua. Ao todo, o Prêmio Sescoop Excelência de Gestão contou com 248 cooperativas inscritas.

 

Nossa, a OCB realizou bastante coisa em 2017, fora o que o senhor nem listou. Poderia, por fim, deixar uma mensagem aos cooperados do país?

 

Eu gostaria apenas de reforçar a visão da diretoria da OCB que é de continuar trabalhando com vontade, responsabilidade, ética e transparência. Só assim a gente vai poder mostrar, juntos, que vale muito a pena cooperar. Não temos que ter medo dos cenários político e econômico. Quem trabalha de maneira correta, primando por uma gestão e uma governança de qualidade, com a preocupação no desenvolvimento profissional de quem faz o dia-a-dia da cooperativa, sempre vai encontrar um cliente, um mercado!

 

Vamos começar hoje, a construir o futuro que queremos amanhã, pois nossa meta é fazer com que, até 2035, o cooperativismo seja reconhecido pela sociedade por sua competitividade, integridade e capacidade de gerar felicidade às pessoas. E essa é uma missão de todos nós! Vamos juntos, afinal, SomosCoop!

 

Fonte

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